Finalmente, a minha versão...

Após 15 dias de descompressão típica de pós prova, estou de volta para relatar os acontecimentos desse dia inesquecível…

E o dia começou cedo! Por volta das 4:30 da manhã, o Voador acordou porque tinha de estar a apanhar o ferry para Staten Island às 5:30. Bem entendido que eu acordei também e já fiquei em “alerta máximo” à espera do meu despertador dar sinal.

Só tinha de apanhar o ferry às 8:00, por isso eu estava com tempo de sobra para me levantar às 6:00, equipar (já estava tudo mais que pronto desde o dia anterior… calções, camisolas, saco, gel etc. etc.) tomar o pequeno-almoço habitual (pão com doce, iogurte e café com leite), despedir do Richard e do JCarlos e seguir para apanhar o metro (já tinha feito uma volta de reconhecimento até à estação e já sabia que metro apanhar) até à estação dos ferrys. Nem foi preciso pagar bilhete para entrar e a estação já estava cheia de pessoal para a corrida (novos, velhos, gordos, magros, nacionais e estrangeiros…). Entretanto estive na conversa com um escocês só mesmo para passar o tempo.

Chega o metro (quase quase apinhado… só com pessoal da corrida) e siga por ali abaixo até ao destino. Vi desde malta que deve correr aquilo todos os anos (e percebi que deve haver um código de importância… dos chapéus! senão como é que se explica que pessoal ande com chapéus das maratonas de 1989, 1994 etc…? portanto, chapéu mais antigo --» sou mais “veterano”). Mas o que me despertou mais atenção pela simplicidade de meios foi uma miúda de uns 17 18 anos que ia na conversa com a Mãe/Tia (??)(de calções e tshirt sem mangas, SÓ!)… fiquei a pensar “eu aqui todo artilhado e cheio de preocupações e a franguinha vai fazer “isto” assim nestes preparos?!?!”. Ah e atenção que estamos a falar de serem umas 7 e tal da manhã e estar um frio de rachar!

Depois foi só esperar pelo ferry, entrar e ficar a apreciar a viagem até Staten Island que proporciona uma bonita vista sobre Manhattan e sobre a Estátua da Liberdade, descer e entrar para os autocarros que levam toda gente ate à zona de “espera” em Fort Wadsworth.
Tudo muito bem organizado! Foi entregar o saco (que recebi quando levantei o dorsal) com as minhas coisas, na carrinha da UPS a que correspondia ao meu dorsal (e havia dezenas de outras carrinhas tudo dividido do nº tal a tal… simples e eficaz como vim a verificar no fim da corrida). Esperar mais um pouco (frio de rachar…) beber duas garrafas de agua, comer um terço de uma power bar e seguir para o meu “corral” (sim, assim mesmo como eles dizem!).
Foi deitar fora umas calças de fato treino e um polar velhos e … esperar uns minutos pela partida. Ligar o Garmin e esperar… Ansiedade? Muita!! Confiança?? Também muita!!

A minha partida era às 10:20 mas só ouvi o tiro às 10:24… vou a andar até à linha de partida e lembro-me que ainda não tinha colocado os pensos de gel a cobrir os… mamilos!!! Stress, stress mas lá consegui (e funcionaram na perfeição!). Passei a linha de partida já com a Ponte Verrazano-Narrows à vista, dou o Start no Garmin e … seja o que Deus quiser!
Para começar a ponte é logo a subir, mais frio e vento que eu até abanava… aquecimento prévio? Deixa-te mas é de mariquices e corre pá!

A estratégia como já tinha escrito um destes dias era simples, “Acabar” e para isso tinha a noção que precisava de me segurar e fazer uma corrida calma até metade, aguentar até aos 30 32 kms e depois logo se via!
Bem, lá fiz o raio da ponte devagar para aquecer os músculos e a mente! Entretanto entramos em Brooklyn e aqui é que comecei a perceber a “loucura” que estava montada! Eram dezenas de pessoas de cada lado dos passeios (policias e bombeiros incluídos) aos gritos a apoiar e saudar quem corria. Só visto!
Correr, correr… disfrutar, controlar o andamento, beber (água, gatorade)
Correr, correr… disfrutar, controlar o andamento, beber (água, gatorade)

Foi basicamente isto, em termos de corrida…

Mudavam as pessoas em função das zonas por onde ia passando (hispânicos, negros, judeus…), mas sempre o mesmo entusiasmo no apoio!

Tive uma pequena quebra ao km 16… senti-me “cansado” ( e assustei-me… porra já??), mas a coisa passou rapidamente e lá cheguei a metade da corrida tranquilo. Entretanto apanhei um dos voluntários com balões para marcar tempo de 4:45 e ainda fui ali durante uns tempos… mas ia bem e segui no meu ritmo.
Correr, correr… disfrutar, controlar o andamento, beber (água, gatorade)
Correr, correr… disfrutar, controlar o andamento, beber (água, gatorade)

Metade da prova é um pouco antes de entrar em Manhattan e eu sentia-me bem, tranquilo... chega a Queensboro Bridge e o Garmin perde o sinal de satélite (e pára de marcar tempo). Sem stress, não vai ser isto que me vai fazer perder concentração… até porque a meta é já ali.

Mal se entra em Manhattan aumenta o numero de pessoas a assistir… redobra o animo!
Subir a 1st Ave na direcção norte são 6 kms!! Sempre a direito (o que dá uma visão espectacular…) e com montes de gente a aplaudir de cada lado da avenida.

E eu sempre a pensar … “estou quase a chegar ao Wall…, quando é que o gajo aparece?”… mas continuava a sentir-me bem, aparece o km 32 (máximo que já tinha feito). Lembro-me de ter pensado “vai com calma que daqui para a frente é tudo novidade, nunca fizeste”
Sair do Bronx e entrar em Harlem foi perto do Km 33 e aqui percebi uma coisa. Ia acabar!!!! E sem sofrer!!
Caramba, faltavam 9 10 kms e eu sentia-me bem, mesmo! Mandei a estratégia para trás das costas e desatei a correr mais rápido. Acabava de certeza! …

Vou solto por ali a fora e encontro um brasileiro (km 35 36) que se via que ia em dificuldades, abrando e meto conversa. Estava cansado (quem é que não estava naquela fase?) e ia com dificuldades, ofereço gatorade e power bar. Come um bocado da power bar e fica mais animado… desejo boa sorte e sigo para entrar na 5ª Ave… o Central Park é já ali!!

Eu só pensava “Lindo pá isto está feito” ia-me desviando do pessoal mais lento e siga por ali a fora, sempre a subir (a andar a pé aquilo parece a direito, a correr tenho a certeza que é a subir). Centenas de pessoas de cada lado aos gritos!!! Entrada no Central Park (sempre a subir) e eu “saiam-me da frente” e as placas a dizer “faltam 3 milhas” “faltam 2 milhas”.

Olhava para o Garmin , pulsação 150 160 … e pensava “podes continuar que agora até a dormir já fazes isto”.

Entretanto vejo o Richard, o JCarlos e a Teresa, foi só acenar e seguir que já faltava muito pouco… correr mais uns minutos e cortar a meta!!
Estava feito, por isso venha de lá essa medalha que eu mereço!

Tirar uma foto… Águas, uma maça e seguir para a minha carrinha da UPS levantar o saco (que nem foi preciso pedir… viram o dorsal e toma lá que isto é teu)
Todos os voluntários e pessoal da organização a dar os parabéns (muitas e muitas vezes… “Congratulations” e “good job, guys”).

Entretanto, fico a saber o meu tempo por SMS do Jorge “Margem Sul Power” e recebo telefonema do Mano. Bom sentido de oportunidade dos dois!

Depois foi só seguir para a zona combinada e encontrar a equipa de apoio. Beijos, abraços e parabéns e vamos procurar o Sócio. 10 minutos depois e estava a equipa toda reunida, menos o Voador… (que já estava à umas duas horas deitado no corredor à porta do apartamento).

Muitas fotos depois, combinamos a hora de jantar e lá vou tomar o merecido banho… com a boa sensação de ter terminado sem sofrimento!

Estava feita a primeira maratona!

PS: Link para as fotos oficiais http://www.brightroom.com/view_user_event.asp?EVENTID=47685&BIB=47018&LNSEARCH=1&PWD

Sem palavras...

... até porque vou sair para jantar e beber !!
Amanhã já posto o resto.

Fica só o link do Garmin http://connect.garmin.com/activity/17758964
Em todo caso, é espectacular a sensação de correr com tanta gente a assistir.

Fiz uma corrida conservadora para ter a certeza que acabava sem sofrimento, por isso foi fazer até à meia maratona nas calmas, sentir como estava o corpo até aos 32 e depois como me sentia bem e percebi que acabava de certeza, foi acelerar nos últimos kms...

47018 ANTONIO ALVES 42M POR 04:35:23

Gostei muito da experiência.

Abreijos para todos,

e OBRIGADO A TODOS PELO APOIO INCONDICIONAL!